segunda-feira, 30 de julho de 2012


Praticando o Desapego (Fernando Pessoa)
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário....
Perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos.
Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: Diga a sí mesmo que o que passou jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo...
- Nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Encerrando ciclos, não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba...
Mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais em sua vida.

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Quando um dia você decidir a pôr um ponto final naquilo que já não te acrescenta.
Que você esteja bem certo disso, para que possa ir em frente, ir embora de vez.

Desapegar-se, é renovar votos de esperança de sí mesmo,
É dar-se uma nova oportunidade de construir uma nova história melhor.
Liberte-se de tudo aquilo que não tem te feito bem, daquilo que já não tem nenhum valor, e siga, siga novos rumos, desvende novos mundos.

A vida não espera.
O tempo não perdoa.
E a esperança, é sempre a última a lhe deixar.

Então, recomeçe, desapegue-se!

Ser livre, não tem preço!

quarta-feira, 25 de julho de 2012


Eu poderia viver sem o chão embaixo dos meus pés. Suportaria a ausência de tudo que me deixasse de pé, mas sem vocês, não! Sem vocês, as estradas e os caminhos não me levariam a  lugar nenhum, sem vocês a saudade seria só uma palavra sem sentido, sem vocês o amor seria só um sentimento sem forma e conteúdo.
Vocês, que estão comigo a cada segundo, mesmo quando não estamos perto. Vocês, que são o sentido do acordar e do dormir. Vocês que são a tradução mais completa do verbo amar.
Vocês que são a festa na casa na serra, o almoço na casa da Vó, a conversa ao pé do ouvido, o  puxão de orelha, os conselhos preocupados, as atitudes desmedidas, as ajudas incondicionais, vocês que são a tradução perfeita do verbo: família. Porquê pra mim, Família é um verbo. E  se conjuga assim: Eu te amo, Tu me ama, Ele te ama, Nós nos amamos, Vós vos amais, Eles se amam.

domingo, 22 de julho de 2012

Vai passar...
Texto de C.F.A




Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca ...

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Acreditar é um exercício. Um  exercício árduo pra quem sempre teve as dúvidas como verdade absoluta.
Acreditar no que não se pode ver é ainda mais difícil e talvez essa seja a maior virtude dos que tem fé inabalável, acreditar no invisível e as vezes, no improvável! 
Ela, no seu esforço diário, tenta, tenta, tenta fervorosamente acreditar no que não é tangível, palpável...
Às vezes pensa que as coisas se realizam como um passe de mágica, e por alguns minutos sente a sensação de que crer indiscutivelmente. Noutro instante, se depara com a realidade que a faz um pouco mais cética e um pouco mais descrente.
Reza, ora, pede, chora e espera.... espera como uma filha obediente pelo presente que está por vir. Acreditar é sua forma de se sentir mais forte, mais firme, mais de pé. Acreditar era sua forma de sentir a presença de Deus e Nele, ela não podia deixar de acreditar!