domingo, 30 de setembro de 2012


Lis era o nome dela. Quando criança, achava estranho uma palavrinha tão pequena significar tanta coisa. As colegas se chamavam Eduarda, Fernanda, Carolina, mas ela era Lis, apenas, Lis. Se sentia pequena como seu nome. Lis, estava no mundo.
Sua infância foi calma como uma manhã de primavera. Tinha pais que a amavam, irmãos que a cuidavam e amigos que a pentelhavam. Cresceu com a ideia de seu nome, cresceu querendo ser diferente, cresceu querendo ser grande!

Ela sonhava com o amor. Esperava pelo dia que seu coração ia ser tomado de novo e que sua mão ia tremer. Ela chamava por ele nas suas orações e fazia um esforço imenso pra acreditar que ele estava a caminho e sim, ele estava. E o encontro dos dois não foi nada do que ela imaginava. Ele não estava montado num cavalo branco, não trazia na mão uma flor vermelha, não falava o que ela queria ouvir e ainda assim, teve todo o amor que ela podia doar. Ele chegou numa noite qualquer de um dia qualquer, sem mistérios, sem romances, apenas, realidade. A mais bela realidade. E era a primeira vez que ela gostava mais de habitar o mundo real do que o mundo que ela mesmo inventara. Ali, ele era tudo o que ela precisava.
Ele tinha um cheiro que a acalmava, uma mão macia que a tocava e ela se derretia. No início, conversavam pouco e ela estranhava a falta de assunto, mas achou mais prudente permanecer em silencio, tinha medo de qualquer excesso, dessa vez, ela estava disposta a acertar.
Ele era diferente de tudo o que ela já tinha experimentado e a desconsertava com suas sinceridades disfarçadas. Ela, que sempre tinha na cabeça o espelho das relações passadas, tentava encontrar nele gestos, falas, hábitos, frases, abraços comuns, mas nada era igual. Ele a fez esquecer do recente passado, trouxe o novo e ela estava encantada com aquele novo mundo.
Ele a fazia sentir cócegas na alma. Ela sorria sem querer só de pensar que o veria no final do dia e os encontros se tornavam cada vez mais freqüentes e eles, cada vez mais freqüentavam um o mundo do outro. Ele contou coisas sobre as cicatrizes no joelho, ela, dramática como só ela, contava sobre as cicatrizes da alma. E eles se entendiam assim, nas suas diferenças e gostavam de ser assim, diferentes! 

Se eu pudesse voltar no tempo, se o gênio da lâmpada realmente existisse ou se Deus me concedesse poderes especiais, com certeza eu escolherei apenas uma coisa.
O dom de controlar o tempo.
Assim, só assim poderia congelar momentos, desfazer enganos, trazer pessoas amadas de volta, ter ao meu lado as pessoas que mais amo e fazer com que elas fiquem por perto sempre. 

O medo

Esse bicho de sete cabeças que entra em nossa mente, se apossa de nossos pensamentos
Invade nosso quarto, nossa cama, nossa casa e fica lá por dias, semanas, meses...Quando damos por conta ele já é nosso companheiro de uma vida inteira.
O medo está presente nas noites e no desejo de que nunca nos encontremos sós
Está nas manhãs no desejo de que nunca nos falte um bom dia
Está no pedido incessante de saúde, com a certeza de que a morte está a espreita.
Esta no olhar inocente de uma criança, quando seu pai não está por perto.
Está no olhar de um adulto, quando percebe que seu pai não vai chegar.
Está quando você não precisa que ele esteja
Some quando você precisa que ele esteja
Medo da morte, da rejeição, da incompreensão, da decepção, do erro, do fracasso
Medo do que não se conhece e medo maior do que se conhece.
Medo da vida, medo de viver!

Mudam-se os anos, os meses, as semanas. Muda-se o tempo
Mudam-se os desejos, as certezas, as dúvidas. Muda-se o querer
Mudam-se as rotinas, as ruas, as estradas. Mudam-se os caminhos
Mudam-se as flores na primavera, o sol no verão, o tempo no inverno, as folhas no outono. Mudam-se as estações
Mudam-se as roupas que não lhe cabe, os sapatos que não lhe calça. Muda-se de tamanho
Mudam-se os dias. Permanece a saudade...
Muda-se TUDO e o que fica é o que sempre permanecerá. 

Me perco entre os sonhos que cativo, entre as decepções que não esqueço, entre a saudade que não me deixa...
Me encontro nas lembranças que carrego, nos amigos que me brindam com a alegria de abraços saudosos.
Me realizo ao pensar na minha família, meu Bem mais precioso.
Me questiono com as roupas que não me cabem, com as unhas que não pinto, com os lugares que não me encaixo.
Me culpo com os erros que cometo, com as desculpas que não foram ditas...
Me acho... Um dia eu me acho!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ela sabia que era diferente. Pensava diferente, sentia diferente e queria tudo diferente. Mas, aprendeu a ser igual, aprendeu a fazer tudo igual...
As vezes ela evitava pensar tanto em ser diferente e as vezes não queria ser  tão igual.
Ela ainda tinha um jeito meio romântico de enxergar o mundo e no fundo não queria perder isso, achava a vida mais interessante pelo ângulo que ela inventava na sua cabeça.
Andava pela rua e notava pessoas que não a notavam e tentava adivinhar o que se passava por suas cabeças e se divertia com isso. Via velhinhos e criava histórias sobre suas vidas, sobre o que viveram e sobre quem os esperava na próxima parada. Prestava atenção no que as pessoas ao seu redor vestiam e achava graça da forma como cada um se sentia bem com coisas que ela nuca usaria.
Mas o que ela gostava mesmo era de ouvir música, ah, naqueles momentos ela podia ser tudo o que queria. Ela era uma dançarina sensual que arrancava suspiros da platéia, era uma cantora talentosa ou podia ser uma instrumentista que sabia de quase tudo um pouco. Ela se transportava pra um mundo que podia ser o que quisesse ser. Talvez por medo de enfrentar o mundo real, ela se escondia no seu faz de conta. Lá era mais feliz, mais livre, mais ela.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012



Afinal, em quem votar?

As eleições para prefeitura de Salvador deste ano, têm demonstrado muito mais do que apenas embates políticos entre candidatos em busca do famigerado cargo de líder do município. O que se tem visto nas campanhas é uma série de acusações , ameaças, processos eleitorais, muita promessa e pouca fé dos eleitores.
Entre os seis prefeituráveis, três deles tem tido maior aderência do público e causado mais debates em todos os níveis sociais. Afinal, em quem votar? Acredita-se que nos últimos anos, esta seja a eleição mais concorrida e debatida, afinal, são três lados oposto e põe opostos nisso.            
De um lado, Nelson Pelegrino (PT) estampa fotos com seus “companheiros” Dilma e Lula e se intitula membro do “time de Lula, Dilma e Wagner”, há de se entender, mas por outro lado, estaremos votando no candidato ou no governo? Pelegrino parece não ter encontrado sua identidade.      
No outro extremo, vem o pequeno grande homem, ACM Neto (DEM). Trazendo consigo as  experiências dos mandatos como Deputado e sua fama de bom moço. Mas, parece o remake de um filme que os baianos já viram antes. Coronelismo em pleno século XXI soa démodé demais.
Por último e não menos polêmico, Mário Kertész (PMDB), o radialista que enquanto pode fez da vida do atual prefeito uma pauta diária. Mário, prefeito durante duas vezes, parece se valer mesmo da pouca memória dos eleitores e quer voltar ao governo municipal.
Os outros três candidatos Márcio Marinho (PRB), Da Luz (PRTB) e Hamilton Assis (PSOL), ficam ofuscados diante de tanto brilho, tanto glamour e tantas dúvidas. Em quem votar? Até o dia 7 de outubro vai ser a pergunta que vai nortear vários eleitores soteropolitanos, as opções são muitas, mas as condições, são poucas.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Por preguiça, comodismo ou insegurança a gente vai deixando de resolver os problemas e vai apenas atenuando. Quando se vê, o mês já foi embora, a semana já está passando, as contas acumularam, as broncas também, o guarda-roupas está cheio de coisas que já não se usa e os dias, repletos de coisas que não deveriam estar ali.              
Talvez o problema não seja se despir do que já não cabe, talvez seja o medo de não encontrar algo que caiba tão bem.                 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012


Estou dando bom dia ao meu leão diário e dizendo a ele que podemos conviver em paz. Estou tentando dar o meu melhor e fazer o que posso pra que tudo dê certo. Tô indo ali desfazer enganos, e se for preciso, pedir desculpas e dizer que eu sinto muito. Tô vestindo o meu melhor sorriso pra enfrentar o mau humor, os maus olhos e as más línguas. E estou guardando no bolso meu melhor abraço, pra dar a quem merece...