domingo, 17 de fevereiro de 2013

Pra alguns, evitar a realidade é fraqueza, pra outros, ainda é um jeito torto de se manter firme. Há quem beba, há quem fume, há quem converse, há quem cale, quem pratique esportes, há quem jogue xadrez, há quem escreva, há quem queira acreditar que a vida é uma eterna festa, há quem insista em permanecer na infância pra não ser gente grande, há quem dance, quem viaje, quem leia, quem assista... Na verdade, todo mundo em algum momento, tem um jeito seu de sair desse mundo doído e doido. Talvez nem seja pra desacreditar da realidade, mas pra torná-la mais amena. Uma pena que o tempo para os nossos prazeres tem sido cada vez menor e cada vez mais, substituímos o desejo do fazer, pela necessidade do realizar.
Música, música, música... se estava triste, pensava em música, se estava alegre mais ainda. Tinha uma relação afetiva forte com as suas preferidas e achava que o compositor a fez pensando exatamente no que ela estava pensando. Se sentia meio dona de algumas, era como se alguma parte da sua vida estivesse transcrita naqueles versos.
Se irritava quando ouvia músicas que não gostava, mas por outro lado, perdoava os que ouviam. Pra eles, aquele tipo de canção trazia a mesma sensação que ela tinha quando ouvia o tipo de música que julgava “boa”, não há como saber qual delas era a melhor. Se causava sensações das mais diversas, ela é boa pra quem ouve.
Sabia que tolerância musical era quase uma virtude divina, mas sabia mais ainda que o poder da música era o de fazer quem ouve transitar entre o mundo real e o mundo que cada um tem dentro de si. E se algumas pessoas sentiam isso ouvindo Arrocha, Funk,  Pagode baixaria, Mantra,  Bolero, música gritada ou qualquer outra coisa, tinha que respeitar... mas no fundo, se perguntava se as pessoas que ouviam música que ela não gostava, não podiam usar fone de ouvido. Ela estava longe de alcançar a divindade.