sábado, 26 de maio de 2012


E por falar em mudança... 

 
Comece acordando mais cedo, dormindo melhor. Cuidando mais do que você fala, ouve, lê e vê. Invista seu tempo em coisas produtivas, afinal, nunca se sabe quanto tempo mais você tem.
Mude, mas respeite a si mesmo. Não se imponha muitos limites. Não se cobre tanto. Faça o suficiente pra se sentir produtivo, capaz e pra que a sensação de dever cumprido seja presente no fim do dia.
Mude, ouse vôos mais altos. Até tente o improvável a ousadia é a qualidade dos vencedores.
Mude o corte do cabelo, a cor das unhas, use o que te cai bem, mas não faça da moda a sua religião, ela te corrompe.
Mude velhos hábitos, antigos sentimentos infundados. Arranque da sua vida coisas e pessoas que te causam dor ou ao menos que não te causam nada. Permaneça com o quê/quem te faça se sentir vivo, bem, tranqüilo, aliviado e principalmente, amado.
Mude, mas se ame. Goste de passar mais tempo com você, se avaliando, se questionando, se melhorando, se amando. Se nem você está disposto a estar consigo mesmo, quem mais estará?
A vida é transitória e mudar faz parte do ciclo vital. Amar, sofrer, doer, cair, levantar são imperativos e nisso tudo o que faz a diferença é sua capacidade de seguir adiante e aprender com eles.
Mude, mas saiba que o que vai permanecer são os amores, as lembranças, os amigos, a família. O que fica é só o que deve ser eterno...
 

“Como são felizes as virgens inocentes! O mundo esquecendo, pelo mundo esquecido: O brilho eterno de uma mente perfeita. Cada prece aceita… e cada uma com resignação.”

 Não seria perfeito se a técnica criada pelo Dr. Howard em “Brilho Eterno de uma mente sem lembrança” realmente existisse? Não seria providencial dormir com as lembranças que te atormentam e acordar desmoriado, como se aquilo que te fez sentir-se como um cão sem dono e suplicar pela clemência divina nunca tivesse existido?           
É, seria, mas a tal da realidade faz com que nos lembremos dia após dia de tudo o que queremos esquecer. Apagar memórias é como procurar a saída de um labirinto, ainda que você saiba que exista um lugar por onde sair, ficando dando voltas e voltas em torno do  mesmo lugar.        
Pena que ainda não inventaram a tal máquina e ficamos assim, reféns de lembranças, de cheiros, de gostos, de coisas vividas e não permanecidas. As vezes queria morar num filme, assim, tudo terminaria em um épico final feliz!              
Assisti ontem ao filme "A minha canção de amor" que diferente do que suscita o título, não tem um enredo romântico ou amoroso. O filme é um drama com uma bem dosada pitada de comédia. Os atores Forest Whitaker (Joey) e Renée Zellweger (Jane) são dois amigos que se depararam com a loucura após desastres pessoais e familiares. Ela, uma ex cantora, perde os movimentos das pernas em um acidente de carro e em seguida perde sua mãe e a guarda do filho. Ele, um ex bombeiro que vê a morte da família em um incêndio e passa a ouvir vozes.
Mais do que um relato sobre a amarga vida que ambos passam a levar depois dos acontecidos, o filme narra a história do amor por si mesmo, da superação e da força da amizade. Sem falar nas divertidas aventuras que os dois vivem na viagem em busca do filho perdido de Jane.

Vale a pena conferir e sentir!

Ela tinha mesmo uma inclinação para os roteiros dramáticos e que sempre fugiam dos finais felizes. E a realidade veio impiedosa e mais uma vez dramática, e mesmo não querendo ouvir as vozes que gritavam dentro de si, teve de admitir, ela não se amava! E por não se amar, criou mecanismo de auto-flagelação. Ela não aceitava o que o espelho lhe mostrava, se comparava as milhares de mulheres maravilhosamente lindas que encontrava pelas ruas e se sentia pequena, bem pequena.
Conseguiu com muitas lagrimas e algum esforço alcançar certos objetivos que pareciam distantes, e quando os teve na mão, simplesmente não soube o que fazer com eles. Se sentia perdida e só, como um soldado que mesmo indo ao campo, perde a batalha. 
Certa vez, em  uma conversa com sua mãe, falava sorridente e cheia de orgulho de como as pessoas a queriam bem e gostavam dela, e sua mãe enfática a respondeu: “É pra compensar minha filha, porque você gosta pouco de você”. Aquelas palavras soaram como uma bomba e a trouxeram a vida real. Agora a realidade que antes era apenas pensamentos soltos em sua cabeça, passava a tomar forma e não tinha mais como fugir dela. 
E ainda assim ela continuou, seguindo, andando, vivendo um dia depois do outro sem se preocupar muito com os sonhos, os planos, as conquista, perdida como ela só, ela só queria ir. Pra onde? Nem ela sabia!         
E agora ela quer se encontrar, ela quer ser. Quer ser amada, quer ser ela, do jeitinho que ela for. E junto com essa certeza de querer, chega a de que não vai ser fácil, afinal, ela nunca soube ser assim, se acostumou com o velho enredo com frases batidas, amores pela metade e uma dorzinha que chegava a tirar sua respiração e lhe trazia uma sensação de queda. Ela quer agora criar um novo tema, remover os vilões e esquecer o inimaginável. Ela agora só quer refazer os sonhos, traças as metas e ir a luta. Afinal, não é isso que os fortes fazem? E como nunca, ela só queria ser forte!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Leio sempre esse texto. É uma forma de me sentir menos só no mundo de quem sempre espera.

Meu nome é Caio F.
Moro no segundo andar,
mas nunca encontrei você na escada.
Caio Fernando Abreu, 1987
Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia – eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas. Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como – eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto – preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio – tão cansado, tão causado – qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. Querer um futuro só porque você estará lá, meu amor. O caminho de encontrar num outro humano o mais humilde de nós. Então direi da boca luminosa de ilusão: te amo tanto. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios – que importa? (Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio – viria? virá? – e minto não, já não preciso.) Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus. Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço.Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.